Você conhece a síndrome do pescoço de texto?
Hoje em dia, o uso de tecnologia passou a ser rotina na nossa vida, deixando as pessoas conectadas grande parte do seu dia, seja ela por computadores ou celulares, tanto para lazer ou até mesmo para o trabalho. No entanto, essa popularização fez com que existisse uma nova doença denominada "síndrome do pescoço de texto" do inglês text neck syndrome, nome dado à diminuição da curva lordótica fisiológica na região cervical, gerando uma retificação desta curva devido ao posicionamento vicioso em flexão da região do pescoço por uso excessivo de celulares e dispositivos móveis.
Quando estamos utilizando, por exemplo, o celular em nossas mãos, temos a tendência de ficar de cabeça baixa para a leitura, e essa postura faz com que o peso da cabeça seja sobrecarregado em uma região específica da musculatura do pescoço. Para cada 2 cm que a cabeça se inclina à frente, o peso na região cervical também se intensifica.
A cabeça humana pesa, em média, na frente, 5 Kg. Ao inclinar cerca de 15º, passa a sobrecarregar a coluna com o peso de 12 Kg. Sobrecarregando ainda mais, a inclinação de 27º, sobrecarrega a região cervical em 18 Kg. Quando inclinamos em 60º, chega a pesar 27 Kg sobre a musculatura do pescoço, sendo este um dos motivos de maior sobrecarga muscular e geração de dor. O paciente perde a curva fisiológica da lordose cervical, passa a ter uma retificação desta curva e apresenta quadros de dor e desconforto, principalmente com dores na coluna, de modo geral, e, também, do pescoço.
Uma atitude simples e eficaz para a prevenção é tentar manter o celular ou computadores alinhados aos olhos, pois o cabeceamento é uma das causas que mais geram dor e, a longo prazo, pode alterar a estrutura da coluna cervical devido à retificação da curva fisiológica que deveria ser lordótica. Manter a coluna em uma posição mais neutra também pode ajudar a prevenir dores no futuro.
A dor pode ser exacerbada em pacientes que já possuem alterações musculares na postura ou que já apresentam outras alterações de coluna cervical, como hérnia de disco, artrose ou canal estreito, já que a flexão sustentada leva a maior compressão dos nervos, gerando dor que pode irradiar para os membros superiores.
O diagnóstico é clínico, com exames complementares de imagem, que são solicitados em alguns casos, caso os sintomas persistam e evoluam para dor crônica. A depender da gravidade do quadro, alguns pacientes necessitam de tratamento medicamentoso ou até terapias físicas, como fisioterapia e pilates, por um tempo prolongado. Quando o caso é mais grave, uma avaliação médica deve ser requisitada.
Dr. João Pedro de Sales Neto
Médico Ortopedista
Cirurgia da Coluna Vertebral
CRM 52.84734-7
RQE 29398
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
Sociedade Brasileira de Cirurgia da Coluna