Nas sociedades antigas, o idoso ocupava um lugar de prestígio social, era visto como sinônimo de sabedoria e experiência, ocupando altos cargos e tomando decisões importantes, porém ao longo dos séculos essa imagem veio se modificando, dando espaço para o afastamento dos mais velhos dos meios comunitários. Em pleno século XXI, no Brasil esse afastamento se dá por meio da exclusão digital e da indiferença ou discriminação, que acabam por dificultar os vínculos sociais.
Os avanços tecnológicos trouxeram vários benefícios, e estão facilitando muito a vida no mundo contemporâneo. Porém para algumas pessoas, como os idosos, o progresso tecnológico enfrenta algumas limitações, seja por conta de barreiras físicas, seja por tabus ideológicos, ou até mesmo pela simples dificuldade no acesso a esses meios, o que de certa forma vulnerabiliza os mais velhos no ambiente digital, os deixando menos protegidos de crimes virtuais e até mesmo impedindo o acesso à informação, já que, as pessoas mais velhas são as vozes mais visadas pelos “golpistas virtuais” e também estão mais propensas a consumirem e espalharem as chamadas “Fake News”.
Em uma sociedade que valoriza apenas o novo, envelhecer é um desafio, esse pensamento evidencia o abismo que há entre o enaltecimento do que é “novo” e do que é “velho”, é como se as pessoas velhas fossem descartáveis e não tivessem mais a oferecer, todo o conhecimento e experiência não valem de nada, vínculos socioafetivos cada vez menos presentes. Essa concepção discriminatória pode ser analisada na terceira idade e traz sérias consequências para saúde mental do idoso, já que segundo dados da OMS, o suicídio entre idosos vem crescendo a cada ano, uma triste marca que serve como um espelho de uma sociedade que falhou.
Portanto, deve haver um maior rigor quanto ao cumprimento do estatuto do idoso, com uma fiscalização mais eficiente e para isso, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos deve realizar em parceria dos governos municipais, uma ampliação de políticas públicas de convivência, lazer e saúde, e também promovendo campanhas de educação digital para as pessoas da terceira idade, dessa forma será possível construir um caminho para uma sociedade mais equânime. A saúde do idoso física e mental passa inexoravelmente pela evolução da sociedade, o idoso que se mantem atualizado consegue através das ferramentas digitais acompanhar os gastos do cartão sem sair de casa evitando golpes e assaltos, mantendo a ativo e curioso exercitando o cérebro e evitando perdas de memória, e conseguem se posicionar em redes sociais para interações, podendo amenizar perdas recentes e construir vínculos afetivos futuros.
Dr. Marcelo Moren Netto
Médico da família
CRM 52.98237-7