MEU FILHO NÃO FALA
A aquisição de linguagem, ou fala, é um dos marcadores do desenvolvimento de uma criança. Assim como sentar, engatinhar e andar, os pais devem observar se os bebês estão evoluindo na comunicação oral e sinalizar qualquer atraso ao pediatra ou otorrinolaringologista.
Desde o nascimento, podemos notar a reação dos bebês aos sons. A cada mês, a atenção e o interesse se tornam mais evidentes: acordar com barulhos, procurar com os olhos um brinquedo com música e reconhecer a voz dos familiares.
Entre seis meses e um ano de vida, os bebês devem balbuciar sílabas como “lalala” ou “mamama”. A partir de 1 ano, a fala se inicia com palavras soltas, como “mamãe” e “água”. Aos dois anos, a comunicação evolui para a junção de duas palavras ou frases simples como “dá água”, “quer biscoito”.
Caso os pais notem a falta de reação adequada aos sons ou o atraso no início da fala, a criança pode precisar de uma investigação médica. A avaliação pediátrica é fundamental para identificar se existem outros atrasos associados, como não andar, não interagir ou não usar brinquedos corretamente para a idade. Em seguida, os exames de audição são essenciais para saber se o paciente está escutando bem.
No Brasil, todos os recém-nascidos devem realizar o “teste da orelhinha” até os 30 dias de vida. Esta triagem seria feita com o “teste do emissor otoacústico”, que tem a intenção de identificar uma possível surdez congênita. Para recém-nascidos de maior risco como prematuros, que ficaram em UTI ou que tenham familiares surdos, um outro exame mais completo (PEATE ou BERA) também deverá ser realizado até os 3 meses de vida.
Em alguns casos, quando a audição estiver normal, a criança com atraso de fala precisará apenas de mais estímulo para se desenvolver. Ir à escola, conviver com outras crianças, diminuir o uso de telas e fonoaudiologia podem ajudar neste processo.
Crianças com possíveis problemas de audição devem ser encaminhadas com urgência a um otorrinolaringologista. Quanto mais cedo diagnosticarmos qualquer perda auditiva, seja ela leve ou surdez profunda, mais possibilidades de tratamento teremos para que a criança desenvolva uma boa linguagem.
A prevenção, o diagnóstico precoce e o estímulo constante são os melhores amigos do desenvolvimento infantil!
Dra. Isabelle Verginha
CRM RJ 52.92314
Otorrinolaringologista